Publicado em 23 de outubro de 2015, às 07h00
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Pelé - 75 anos
Amigo relembra times de Pelé em Bauru e primeiro jogo do Rei na Rua Javari
Aniel era volante e foi companheiro de Pelé no América, no Bauru Atlético Clube e no Radium

O maior jogador da história do futebol, Pelé, completa 75 anos nesta sexta-feira (23). Edson Arantes do Nascimento nasceu em Três Corações (MG), mas foi em Bauru que deu início na trajetória vitoriosa. Na cidade, Pelé tinha como companheiro Aniel Chaves, que falou sobre a amizade da infância e os bons momentos passados com o Rei pelos times de Bauru.

Quatro anos mais velho que Pelé, Aniel relembra os times em que atuou com Pelé. O primeiro foi o time de novos do América. “Pelé tinha oito anos e eu tinha 12. Eu sou quatro anos mais velho. O América era um time de crianças e ninguém fazia ideia do que seria no futuro. Mas ele já era um excelente atacante, já se destacava. Era filho de pai jogador profissional né?. O Dondinho (pai) passava muitas dicas para ele”, relembra o ex-companheiro.

Pelo América, Pelé e Aniel disputaram o primeiro torneio infanto-juvenil da cidade de Bauru. A equipe conquistou o Torneio Início, mas não ficou com o título do campeonato. Depois de jogarem juntos no Ameriquinha, Aniel e Pelé seguiram juntos para o Bauru Atlético Clube, onde fizeram parte do Baquinho, sensação do futebol amador da cidade na época, muito por conta das atuações de Pelé.

Aniel (penúltimo em pé da esquerda pra direita) e Pelé (segundo agachado
da esquerda para a direita) no time infanto-juvenil do Bauru Atlético Clube

Aniel lembra com carinho a campanha da equipe. “O Baquinho foi campeão juvenil da cidade com o Pelé como artilheiro. Como prêmio, fomos disputar um amistoso na Rua Javari contra o Flamengo da Vila Mariana, que tinha sido campeão da capital”, diz o volante da época.

A excursão da equipe do interior teve o apoio da Gazeta Esportiva e contou com passeios diversos pela capital, além de viagem em um trem de luxo e hospedagem em hotel. Comandado por Valdemar de Brito, ex-jogador da Seleção Brasileira, e com Pelé em grande forma, o Bauru ganhou por 12 a 1, com direito a cinco gols do caçula e mais talentoso jogador da equipe.

No ano seguinte, Pelé e Aniel foram novamente campeões municipais pelo Bauru Atlético Clube, mas logo em seguida o time foi extinto. Um outro time, porém, foi criado, desta vez para jogar o torneio de futebol de salão da cidade. “Os meninos fizeram uma conferência para dar nome ao time. Como já havia o São Paulo, o Flamengo, e o Corinthians em Bauru, decidiram dar o nome de Radium, em referência ao time que chamava atenção à época”, conta Aniel. O Radium original era da cidade de Mococa, disputou a elite paulista em 51 e 52 e em 55 disputava a segunda divisão.

Pelo Radium, Pelé deu mostras do que o Brasil iria conhecer pouco tempo depois. “O Radium foi campeão invicto e com o Pelé no time e artilheiro isolado do torneio com quase 80 gols. Era um campeonato com resultados surpreendentes. Ganhávamos quase sempre de goleada, 10 a 2, 10 a 1...”, lembra Aniel sobre a última conquista do Rei em Bauru antes de se transferir ao Santos.

Para Aniel, além de toda a habilidade de Pelé, uma característica foi fundamental para ele se tornar o Rei do Futebol. “O Pelé era um jogador de reflexo inimaginável. Ele age muito rápido, completamente diferente de todos nós. É um dom que ele recebeu de Deus”, argumenta.

Pelé no Santos, Aniel quase no São Paulo

Aniel e Pelé em reencontro no Guarujá
(Foto: Acervo Pessoal)

Enquanto o menino Pelé foi para o Santos, levado por Valdemar de Brito, Aniel teve uma oportunidade de ir para o São Paulo Futebol Clube, seu clube de coração. O então volante foi sondado por um olheiro em Bauru e foi até a capital para realizar um teste. Aniel ainda esperava o agente que o levaria ao Canindé, campo do São Paulo na época e onde seria realizado o teste, mas diz que desistiu. “Sozinho eu me assustei com a cidade grande e alguma coisa no meu coração me disse que eu deveria voltar para Bauru. Para mim teria sido uma glória”, conta.

De volta a Bauru, Aniel preferiu seguir um caminho distante do futebol. “Continuava jogando nos fins de semana, mas não participei mais de campeonato. Fui cuidar da minha vida. Trabalhei e estudei. Me formei e fui pro exército. Depois de 12 anos tinha me formado em Direito, prestei concurso e passei para delegado. Fiz minha carreira e consegui alcançar o posto máximo que é delegado de classe especial”.