Multicampeão na década de 1960 com um dos maiores times de todos os tempos, o Santos viveu o ápice de sua forma na temporada de 1962, quando ganhou exatamente tudo o que disputou de maneira arrasadora, diante de outros grandes esquadrões paulistas, brasileiros, sul-americanos e internacionais. Com 13 jogadores de clubes paulistas, a Seleção Brasileira repetiu no Chile o feito de quatro anos atrás e se sagrou bicampeã do Mundo.

>>> 1961: Bicampeão, Santos inicia firmação de um dos grandes times da história

Disputado no segundo semestre, o Campeonato Paulista mantinha as 16 equipes do ano anterior, e teria pela primeira vez sob a batuta da FPF, um tricampeão. Além disso, o Santos conseguiria um feito inédito até então: o de vencer o campeonato com três rodadas de antecedência. Antes da conquista estadual, porém, o Santos já havia levantado outros três troféus de competições embrionárias e que mudariam para sempre a estrutura do futebol internacional. Campeão da Taça Brasil de 1961, o clube se classificou para a Libertadores da América do ano seguinte, onde sagrou-se campeão após vencer o Peñarol do Uruguai em decisões polêmicas em que os brasileiros se sentiram bastante prejudicados.

Vencedor do torneio em agosto, o Santos se qualificou para disputar no mês seguinte o Mundial Interclubes, onde enfrentaria o Benfica, de Portugal, do craque Eusébio. Vencedor no primeiro jogo do Maracanã por 3 a 2, o Santos viajou a Portugal onde faria a segunda partida e, se necessário, a terceira. Isso aconteceria em caso de vitória portuguesa e o clube lisboeta se antecipou na venda de ingressos para este jogo-desempate. O que se mostrou desnecessário, pois o Santos venceu por 5 a 2 e se tornou campeão mundial.

Mais tarde, já em março de 1963, o time da Vila Belmiro também conquistaria o bicampeonato brasileiro e de forma assombrosa, ao impor placar humilhante a outra grande equipe daqueles tempos: 5 a 0 no Botafogo. O time carioca contava com Nilton Santos, Garrincha, Amarildo e Zagallo, campeões mundiais com a seleção em 1962, além de nomes como Manga, Rildo e Quarentinha e mesmo assim foi goleado em pleno Maracanã.

No estadual o Santos também sobrou, terminando o campeonato com 11 pontos de diferença para o Corinthians, segundo colocado. Quando foi proclamado campeão, a três rodadas do fim do campeonato, o time tinha apenas uma derrota com 21 vitórias e cinco empates. A outra derrota santista aconteceu na antepenúltima rodada em meio à uma polêmica. Em 10 de dezembro daquele ano, o Santos enfrentaria no Pacaembu a equipe da União Soviética, em tempos de Guerra Fria. Um dia antes, para enfrentar a Esportiva Guaratinguetá, no interior, Lula mandou um time reserva a campo e este acabou acumulando a única derrota. Com gols de Coutinho e Pelé, o Santos venceu os soviéticos.

Dias antes, para ser campeão, o Santos teve de se impor e virar a partida frente ao rival São Paulo. O clube do Morumbi vencia no Pacaembu por 2 a 0 até os 30 minutos do primeiro tempo, mas Coutinho e Dorval marcaram e empataram ainda na primeira etapa. Dorval, de novo, Pepe e Pelé completaram a goleada por 5 a 2.

Bicampeão do Mundo

Estrela maior da companhia brasileira, Pelé se machucou ainda no começo da campanha e, incrivelmente, não fez falta. Amarildo, do Botafogo, o substituiu à altura e auxiliou enormemente ao craque Garrincha na condução da equipe canarinho ao segundo título mundial. Anjo das pernas tortas, como foi apelidado o craque carioca, Garrincha viveu ali o seu melhor momento na carreira e, endiabrado, fez das melhores atuações em uma competição em toda a história do futebol.

Gilmar, Mauro, Zito (do Santos), Djalma Santos e Vavá (do Palmeiras) faziam parte do time titular daquela seleção. Pelé iniciou entre os titulares, mas se machucou na segunda partida. Outros de times paulista que estavam na seleção mas não jogaram foram: Coutinho, Mengálvio, Pepe (Santos), Bellini, Jurandyr (São Paulo) e Zequinha (Palmeiras).

Campanha do título

30J 23V 5E 2D 105GM 28GS 77SG

22/07/1962 Santos 5 x 0 Esportiva Guaratinguetá
25/07/1962 Santos 5 x 1 XV de Novembro (Piracicaba)
05/08/1962 Prudentina 0 x 2 Santos
08/08/1962 Juventus 0 x 2 Santos
12/08/1962 Palmeiras 2 x 4 Santos
15/08/1962 Taubaté 0 x 1 Santos
19/08/1962 Jabaquara 1 x 5 Santos
26/08/1962 Guarani 1 x 1 Santos
02/09/1962 Santos 3 x 3 São Paulo
05/09/1962 Santos 5 x 2 Botafogo
16/09/1962 Santos 7 x 2 Ferroviária
23/09/1962 Santos 5 x 2 Corinthians
26/09/1962 Santos 4 x 0 Noroeste
30/09/1962 Comercial 1 x 3 Santos
06/10/1962 Portuguesa 3 x 2 Santos
27/10/1962 Santos 3 x 0 Taubaté
31/10/1962 Santos 5 x 0 Guarani
04/11/1962 Corinthians 1 x 2 Santos
07/11/1962 Santos 3 x 0 Juventus
11/11/1962 Noroeste 1 x 1 Santos
14/11/1962 Santos 3 x 0 Palmeiras
18/11/1962 XV de Novembro (Piracicaba) 1 x 1 Santos
21/11/1962 Santos 4 x 1 Portuguesa
25/11/1962 Ferroviária 1 x 1 Santos
28/11/1962 Santos 6 x 2 Comercial
02/12/1962 Santos 8 x 2 Jabaquara
05/12/1962 Santos 5 x 2 São Paulo
09/12/1962 Esportiva Guaratinguetá 2 x 1 Santos
12/12/1962 Botafogo 0 x 1 Santos
15/12/1962 Santos 4 x 0 Prudentina

Jogo do título

Santos 5x2 São Paulo

Local: Estádio Municipal do Pacaembu;
Data: 05 de dezembro de 1962;
Público: 49.500;
Renda: Cr$ 6.931.500,00;
Árbitro: Anacleto Pietrobom;
Gols: Dias 14’, Benê 15’, Coutinho 30’ e Dorval 43’ do 1ºT; Dorval 1’, Pepe 15’ e Pelé 43’ do 2ºT;

Santos: Laércio; Dalmo, Mauro e Zé Carlos; Calvet e Zito; Dorval, Lima, Coutinho, Pelé e Pepe.
Técnico: Lula.

São Paulo: Poy; De Sordi, e Bellini; Roberto Dias, Cido e Sabino; Faustino I, Benê, Prado, Jair e Agenor.
Técnico: Osvaldo Brandão.

Números do campeonato

Jogos: 240
Gols marcados: 807
Média: 3,36 gols por jogo
Artilheiro: Pelé, do Santos, 37 gols
Melhor ataque: Santos, 105 gols marcados
Pior ataque: Taubaté, 27 gols marcados
Melhor defesa: Santos, 31 gols sofridos
Pior defesa: Taubaté, 73 gols sofridos