Publicado em 21 de março de 2016, às 08h00
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Paulistão A3
Conheça os causos e a carreira de Pinho, técnico folclórico, carismático e vencedor
O treinador de 71 anos é o mais experiente entre as três séries em atividade do futebol paulista

Pinho, de 71 anos, é o técnico mais velho em atividade no Estado
(Foto: Rodrigo Corsi/FPF)

O futebol brasileiro sempre foi marcado por conter personagens folclóricos tanto dentro como fora de campo. Podemos citar vários personagens que são figurinhas carimbadas no mundo dos boleiros. Quem não se lembra de Zagallo, o ‘Velho Lobo’, o técnico Joel Santana, Serginho Chulapa, o atacante Aloísio e seu ‘danone’, entre muitos. Assim como eles, o técnico Pinho é uma figura marcante no futebol paulista e não pode ser esquecido. Sempre folclórico, carismático e vencedor, o treinador mais velho de todas as divisões do Estado, segue firme no auge dos seus 71 anos em busca de mais um acesso.

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Olimpio Batista Ferreira nasceu no dia 10 de março de 1945, em Ibirá, cidade com pouco mais de 10 mil habitantes, na região próxima a São José do Rio Preto. Mais conhecido como Pinho, foi revelado pela Internacional de Bebedouro, no ano de 1966, clube que atuou durante treze anos como atleta. Ele pendurou as chuteiras em 1979, quando defendia o Novorizontino, e foi lá que inicou sua carreira como treinador.

Pinho tem vasta experiência não só no futebol paulista, como também a nível nacional. Com passagem por várias agremiações, possui no currículo conquistas de acessos pelo Mirassol, Barretos, Inter de Bebedouro. Além de brilhar no interior paulista, o treinador também demonstrou seu bom trabalho fora de São Paulo. Ele era o comandante do Sampaio Corrêa que conquistou o título invicto do Brasileiro da Série C de 1997 e venceu também o Campeonato Maranhense no mesmo ano, entrando na história do clube.

Em um bate-papo descontraído, o treinador falou sobre a sua carreira, suas conquistas e toda sua ligação com o futebol. Confira abaixo a entrevista com o técnico Pinho

Você tem noção de quantos clubes já defendeu? Quantos títulos e acessos você tem no currículo?

Pinho: Foram quase 15 anos como atleta e mais 37 como treinador. Pela última contagem que realizei acredito que sejam uns 60 clubes. Rodei o Brasil todo e consegui sucesso onde trabalhei. Conquistei dois títulos no Maranhão, alguns acessos e títulos no interior de São Paulo.

Como surgiu a oportunidade para trabalhar como técnico de futebol?

Pinho: Em 1979 estava no Novorizontino e naquela época tinha muito malandro no futebol. Foi então que o presidente me chamou e disse que me queria de técnico. Fiquei uma semana fazendo estágio no Catanduvense e outra no América, depois disso, comecei a trabalhar e estou até hoje. Em 1993, a Federação Paulista organizou um curso no Morumbi e vieram grandes treinadores internacionais. Até hoje considero um dos melhores cursos já existentes. Nunca me esqueço daquela oportunidade.

Como você enxerga essa mudança no futebol ao longo desses anos?

Pinho: Não muda muita coisa. Eles inventam alguma coisa, mas acaba voltando sempre para a mesma coisa. Muitas vezes os árbitros erram e são execrados, mas é fácil quando se analisa na televisão. Dentro do campo a decisão tem que ser rápida e é lá que o futebol acontece. Pode inventar o que for, o jogo se resolve 11 contra 11 e sempre será assim.

Se pudesse dar uma definição dos times de Pinho, como definiria?

Pinho: Um time com a cara do treinador, que sabe das qualidades, mas que também reconhece as limitações. Todo mundo que joga contra fala que é difícil jogar contra meu time. O futebol tem artimanhas e conhecemos bem, mas graças a Deus sou muito bem quisto por todos e tenho um relacionamento muito bom.

Como é o relacionamento com um grupo que tem uma média de idade de 23,4 anos?

Pinho: Nosso relacionamento é muito bom. Trabalhei em muitas divisões e a nossa conversa é sempre boa. Vivo contando histórias das minhas aventuras. Uma vez, trabalhei em um clube que representava a cidade que se chama Coari, em Manaus. Para chegar até lá tinha que ir de barco. Mandávamos os jogos em Manaus e, em um dia de folga, fomos conhecer a cidade de Coari. Pegamos o barco gastamos 12 horas para ir e para voltar. Víamos muitos índios por lá. Outra vez quando trabalhei no Maranhão, treinávamos em uma chácara e toda vez que entrávamos lá tinha um jegue na porteira. Parava lá e batia um papo com ele todo dia (risos).

Trabalhando em tantos clubes, como é a relação com sua família?

Pinho: Minha relação é muito boa. Apesar de ficar muito tempo fora, temos uma união. Eles sempre torcem por mim. Sofro muito, pois me apego demais, até por isso saí de Bebedouro, para não deixar minha família sofrendo, pois eles vivem o dia a dia comigo. Tenho uma esposa maravilhosa que educou muito bem nossos filhos e saí para ganhar a vida. Graças a Deus conquistamos muita coisa e sou muito grato pela família que tenho.

Com tantos anos na profissão, já pensa em aposentadoria?

Pinho: Brinquei com um repórter e ele entendeu mal. Falei que estava cansado e que iria trabalhar esse ano e mais 10 apenas (risos). Graças a Deus, estou sempre trabalhando. Existem outros treinadores experientes como eu, mas eles trabalham três meses e param nove. Não sou assim, não consigo ficar sem trabalhar.